On House
Automação Residencial
Projeto
On House é mais do que um protótipo de startup — é uma visão para a democratização da tecnologia de automação residencial. Concebido durante o quarto semestre do curso de Sistemas de Informação da ESPM São Paulo, no âmbito da disciplina de Projeto Interdisciplinar, o projeto representa a convergência entre rigor acadêmico, espírito empreendedor e empatia tecnológica. Desenvolvido por uma equipe de quatro estudantes, o On House surgiu como resposta a um desafio provocador: como tornar a automação residencial verdadeiramente acessível — técnica, financeira e socialmente?
Em um cenário onde o conceito de "casa inteligente" costuma estar restrito a residências de alta renda ou ambientes corporativos, o On House traz uma mensagem clara e urgente: inovação precisa ser inclusiva. O projeto apresenta um sistema de automação modular, de baixo custo e escalável, pensado especialmente para pequenas residências e escritórios — ambientes geralmente negligenciados pela revolução tecnológica devido aos altos custos de implementação e à complexidade da infraestrutura.
Na sua essência, o On House utiliza a Internet das Coisas (IoT) para criar um ecossistema conectado. Os usuários podem controlar remotamente iluminação, energia e utilidades essenciais da casa por meio de serviços em nuvem e comunicação Wi-Fi. O sistema é construído sobre a plataforma de hardware aberto Arduino, escolhida por sua acessibilidade, flexibilidade e pelo apoio de uma vasta comunidade global de desenvolvedores. Desde os primeiros esboços, todas as decisões de design foram guiadas por princípios de simplicidade, replicabilidade e funcionalidade centrada no ser humano.
Mas o On House vai além da automação convencional. Um ponto de virada importante na evolução do projeto foi a integração da tecnologia de Interface Cérebro-Computador (BCI), viabilizada pela pulseira Myo — um dispositivo vestível capaz de captar sinais eletromiográficos (EMG) para interpretar a intenção do usuário a partir de movimentos musculares. Com essa integração, o sistema permite que o ambiente seja controlado por gestos intuitivos — como abrir a mão ou girar o punho — redefinindo o conceito de acessibilidade e introduzindo novas possibilidades de interação para pessoas com mobilidade reduzida ou deficiências motoras.
Objetivos do Projeto
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Democratizar o acesso à automação residencial com tecnologias acessíveis e de código aberto.
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Integrar controle baseado em BCI para possibilitar uma interação intuitiva e sem toque.
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Promover autonomia para usuários com limitações físicas, eliminando a dependência de interfaces convencionais.
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Desenvolver uma arquitetura modular, preparada para evoluir com novos dispositivos e sensores.
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Fomentar uma inovação socialmente responsável, que responda a lacunas reais de acessibilidade.
Para validar a proposta, a equipe desenvolveu um protótipo funcional que combina infraestrutura IoT com controle por gestos. Nos testes iniciais, o sistema conseguiu acionar aparelhos conectados tanto por meio de um painel em nuvem quanto por comandos baseados em BCI, utilizando a pulseira Myo. Essa capacidade de operação em modo duplo demonstrou não apenas a viabilidade técnica da solução, mas também o seu potencial de escalabilidade e aplicação em diferentes ambientes residenciais e assistenciais.
Mais do que conveniência, o On House é sobre inclusão. Ao permitir que o ambiente seja controlado por meio de gestos eletromiográficos, a plataforma oferece uma nova camada de autonomia para pessoas que enfrentam dificuldades ao utilizar telas sensíveis ao toque ou comandos de voz. Para indivíduos com deficiências físicas, essa interação aparentemente simples pode representar uma melhoria significativa na qualidade de vida — oferecendo controle, conforto e, acima de tudo, dignidade.
O projeto também se destaca como um forte exemplo de inovação com propósito, ao unir tecnologias emergentes e populações historicamente negligenciadas. Ele evidencia a urgência de abordagens éticas no design de soluções IoT e eleva o padrão do que a engenharia inclusiva pode alcançar.
Desde o início, o On House foi concebido para escalar. Sua estrutura modular e aberta permite adaptações rápidas e integração em diferentes contextos. Entre os próximos passos planejados estão:
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Automação de múltiplos dispositivos: Controle de luzes, ventiladores, cortinas, sistemas HVAC e segurança.
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Ambientes sensíveis ao contexto: Uso de sensores para ajustar o comportamento do sistema com base em presença, temperatura ou luminosidade.
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Integração com assistentes virtuais: Compatibilidade com Alexa, Google Assistant, entre outros.
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Aprendizado de máquina: Reconhecimento personalizado de gestos e padrões de comportamento.
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Painéis interativos: Visualização de dados em tempo real sobre consumo, eficiência energética e status dos dispositivos.
Em paralelo, a equipe projeta parcerias estratégicas com centros de cuidados assistidos, clínicas de reabilitação e ONGs voltadas à acessibilidade — levando o On House às comunidades que mais precisam da solução.
O On House é mais do que um sistema técnico — é uma proposta para uma nova forma de viver. Um ambiente doméstico que se adapta a você, guiado pelos seus movimentos, suas necessidades e sua intenção. Ao unir a infraestrutura da IoT com interfaces neurocentradas, o projeto nos convida a reimaginar os limites entre tecnologia e experiência humana.
Em tempos de cidades inteligentes e hiperconectividade, o On House nos lembra de algo essencial: a inovação deve começar onde ela é mais necessária — com o indivíduo, com dignidade e com cuidado.